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“Amei um Bicheiro” é filme de 70 anos atrás que já falava sobre o Jogo do Bicho

Poster do filme sobre Jogo do Bicho, "Amei um Bicheiro"

O Jogo do Bicho está em voga. Com a possível legalização da loteria até o final do ano, o sorteio animal está voltando a tomar manchetes de jornais. Mas engana-se bem quem acha que o jogo é minimamente recente.

Prova disso é um longa-metragem que trata sobre o assunto. Feito 45 anos antes da fundação da Globo Filmes – que hoje domina os cinemas nacionais- ou décadas e décadas antes de termos sites sobre o Jogo do Bicho. “Amei um Bicheiro” é um produção é datada de 1952. Isso mesmo, não precisa nem fazer as contas: é de 70 anos atrás. 

Sobre o que fala “Amei um Bicheiro”? 

O longa acompanha Carlos (interpretado por Cyll Farney), um jovem do interior do Rio de Janeiro que, apaixonado por Laura (Eliana Macedo), vai ao Rio de Janeiro e começa a trabalhar para o Jogo do Bicho – numa tentativa de arranjar dinheiro para o casamento. Logo no começo do filme, Carlos acaba preso por prestar serviços à loteria ilegal e, ao sair da cadeia casa-se com Laura. 

A trama, no entanto, realmente desenrola quando, anos depois, Carlos rouba uma banca do Jogo do Bicho, para bancar uma operação de emergência da sua esposa. Colocando-o na mira de Almeida (José Lewgoy) poderoso chefe do Bicho, que não mede esforços para se vingar. 

Mas por que o filme é tão interessante?

O longa é cercado por um contexto que deixa a história atraente até para quem não se encantou pela sinopse acima. Primeiro porque nos lembra quão antigo é o cenário do Jogo do Bicho no Brasil. Um filme com sete décadas de idade nos ajuda a entender por que motivo o game é tão intrínseco ao DNA brasileiro. Não só, ele nos lembra que a própria cinematografia brasileira é mais extensa do que a gente talvez lembre. Um longa brasileiros de 70 anos, por si só, já é fascinante. 

No mais, é bem legal ver que se trata de um longa policial, com uma pegada noir, feito pela Atântica, uma das principais produtoras da história do Brasil. O que, vale ressaltar, é uma exceção: os filmes produzidos por ela, geralmente tratavam-se de comédias. Logo, uma película que trouxe um pouco de diversidade temática ao que costumava rolar neste início dos anos 1950. 

O principal motivo para se ver o longa talvez esteja no elenco. Sebastião Bernardes de Souza Prata, o Grande Otelo, atua no filme como o mafioso Passarinho. Otelo é um dos maiores atores da nossa história. O simples fato de seu nome contar nos créditos já deve despertar a curiosidade de muitos que cruzarem com Amei um Bicheiro. 

Mesmo depois do seu lançamento alguns fatos curiosos acompanharam o filme, lhe dando um ar surpreendente. Quase 10 anos depois de sua estreia, em 1960, seu trailer foi censurado pelo governo. A prévia sem cortes só foi encontrada em 2005. 

Mas Amei um Bicheiro é bom? 

Claro que gosto é gosto, mas a resposta que tendemos a dar é: sim. 

O longa arrematou alguns prêmios após sua estréia, para ratificar esta tese. Entre os troféus estão: os prêmios de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (Lewgoy) e Melhor Fotografia no Festival do Distrito Federal de 1953, e o Prêmio Índio de Melhor Roteiro, no mesmo ano. 

Mas, claro, não é para todos os gostos. Tenha sempre na cabeça que se trata de um filme (bastante) antigo. As técnicas de filmagem eram outras, o contexto em si era completamente diferente do que temos hoje. Quem esperar um Missão Impossível irá, claro, se decepcionar. Mas alinhando as expectativas, dificilmente rolarão frustrações. 

Como assistir “Amei um Bicheiro” ? 

Em teoria o longa está guardado na finada Cinemateca Nacional, localizada em São Paulo. Mas, quem não quiser passar pelos trâmites de requisitar o longa para instituição, pode encontrá-lo online com facilidade. Cópias restauradas do filmes foram digitalizadas e publicadas no Youtube, para que cinéfilos de plantão consigam assistí-lo sem muita burocracia. 

Então vale a pena assistir o filme? 

Vale demais. Mesmo que seja pra falar mal. Um filme desses mostra como a cultura do Brasil vem se transformando e ressignificando através das décadas. Além de contribuir para quem quiser entender um pouco mais sobre a extensa história do Jogo do Bicho. É, no mínimo, interessante e deve render alguma conversa para suas mesas de bar dos próximos tempos. Não é todo dia, afinal, que vemos um filme – com idade para ser nosso avô – falar sobre uma coisa tão descontraída como é o Bicho. 

Este site não se propõe a fazer nenhum juízo de valor sobre a existência, regularização e legalização do jogo do bicho.

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